Um dia depois de expor as razões que a levaram a pedir dispensa da seleção brasileira de nado sincronizado, a carioca Caroline Hildebrandt voltou a criticar a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) e não escondeu a insatisfação com as declarações do presidente da entidade, Coaracy Nunes Filho, que disse ter feito todos os apelos possíveis para que a atleta permanecesse na equipe.
“Isso é mentira. Ninguém da diretoria veio falar comigo. Somente a Roberta, minha técnica no clube, ficou sentida e tentou me fazer mudar de idéia. Da própria confederação, ninguém falou nada”, afirmou, em conversa telefônica com a GE.Net
Outro motivo de descontentamento foi o fato de Coaracy ter dito que não responderia às críticas da atleta porque não iria lhe dar “cinco minutos de estrelismo”. “Para que eu vou querer isso?”, indagou a nadadora. “São nove anos de seleção e não preciso de cinco minutos de nada”, esbravejou.
“O que estou fazendo é falando a verdade, expondo os problemas para o bem do esporte. Você acha que pode um atleta treinar oito horas por dia recebendo R$ 270 por mês? Na verdade são R$ 300, mas desconta uma porcentagem de INSS. Você acaba matando o dinheiro só com transporte. É inviável sem a ajuda dos pais”, continuou.
Caroline acusou o dirigente de dar preferência à natação em detrimento dos outros esportes. “Tem 50 atletas de natação que recebem dos Correios e ninguém do nado recebe nada. Por isso você vê uma nadadora como a Fabíola Molina, com 30 anos, batendo recorde e conquistando títulos, enquanto no nado as atletas já estão parando com 22”, contou.
“A Confederação disse que a gente ganha menos que é para poder investir em campeonatos e treinamentos no exterior, mas esse ano mesmo o Coaracy cancelou nossa participação no Campeonato Norte-americano, em abril, por falta de verba porque as negociações com os Correios estavam em aberto”, acrescentou.
Medalha de bronze por equipe nos Jogos Pan-americanos de Santo Domingo-2003 e medalha de prata no duelo no Rio de Janeiro-2007, Caroline diz que recebia quase três vezes menos que a dupla reserva das gêmeas Isabela e Carol, representantes do país em Atenas-2004. E, mais uma vez, criticou Coaracy.
“Em 2006, fui campeã sul-americana em três provas, mas a CBDA não me concedeu a bolsa-atleta porque disseram que, pelas regras, tinha que ser os resultados de 2005. Só que em 2005 não tem Sul-americano. O COB (Comitê Olímpico Brasileiro) até interviu, me ofereceu uma ajuda via CBDA, mas o Coaracy não aceitou porque não teria como explicar que uma das garotas recebe mais do que as outras”, lamentou.
Gazeta esportiva.